Pilates e sua importância em um dos momentos mais importantes na vida de uma mulher
Um dos momentos mais importantes na vida de uma mulher sem dúvidas é a gestação, e com ela vem profundas alterações no organismo que vão desde à hormonais à anatômicas.
Entre as alterações, podemos citar o aumento da curvatura lombar, afrouxamento dos ligamentos da cintura pélvica, retenção de líquido e aumento do peso corporal.
Estas alterações comumente levam à sobrecarga da coluna vertebral e dor na região lombar, e é um sintoma que ocorre em aproximadamente 60% das gestantes, influenciando de forma negativa na qualidade do sono, disposição física, desempenho no trabalho, vida social, atividades do dia a dia e também lazer.
As recomendações e diretrizes de ginecologia e obstetrícia e da cardiologia orientam que sejam realizados exercícios físicos durante a gravidez, principalmente para promoção da saúde da mamãe e do bebê.
Quando o exercício físico ocorre de forma regular há redução do percentual de massa gorda, aumento da transferência de oxigênio (O2) e redução da difusão de dióxido de carbono (CO2) por meio da placenta ( favorecendo assim o desenvolvimento do bebê), diminuição em torno de 50% o risco de diabetes melitos gestacional (DMG), redução de até 40% de pré-eclâmpsia (PE), diminuição hipertensão arterial gestacional (HG) e até depressão.
Durante a aula de Pilates ocorre um movimento corporal repetitivo que objetiva nesta fase melhorar ou manter um ou mais componentes da capacidade física, podendo ser associado à faixas elásticas e até mesmo com o próprio peso corporal.
O olhar atento da profissional será fundamental para ajustar o exercício em cada fase da gestação, adaptando cada movimento às alterações anatômicas que irão ocorrer no corpo da mulher no período gestacional.
O Pilates atuará com a função de aumentar tônus, força e resistência muscular, o que auxiliará na adaptação às alterações posturais, redução de dores musculoesqueléticas e prevenção de eventuais quedas durante a gestação.
Estudos comprovam que este tipo de treinamento, envolvendo a prática regular de força proporciona aumento em até 14% da resistência lombar em gestantes.
E quando falamos em alongamento, a técnica Pilates proporcionará relaxamento muscular, sendo essenciais na melhora postural e no alívio das dores lombar e pélvica. A realização dos alongamentos, devem ser feitos com certa cautela, visto que há uma maior frouxidão ligamentar, característica dessa fase e consequente risco de lesões.
Outro benefício importantíssimo trazido pela técnica Pilates é a preparação do abdome e o assoalho pélvico para o trabalho de parto, além de diminuir o risco de incontinência urinária.
O treinamento da musculatura pélvica de forma consistente nas aulas reduz em até 50% a ocorrência da incontinência urinária pré-natal e 35% no período pós-natal.
Pilates é uma modalidade muito recomendada para as gestantes, principalmente porque as cargas não são muito elevadas e é possível conduzir as aulas para que a isometria intensa não ocorra, pois, a realização concomitante da manobra de Valsalva pode resultar em aumento da pressão intra-abdominal e diminuição consequente do fluxo sanguíneo para o feto, além de sobrecarregar mais ainda o assoalho pélvico, aumentando o risco de prolapso, incontinência anal e urinária.
A realização de Pilates durante a gravidez aumenta a probabilidade da manutenção no pós-parto, com benefícios na qualidade de vida em curto e longo prazo.
As mulheres habitualmente reduzem a prática de exercício físico após o parto, em virtude das dificuldades enfrentadas nesse período com o nascimento do bebê, porém o sedentarismo contribui muito para o sobrepeso e a obesidade, com repercussão no aparecimento também de outras comorbidades, e quando se consegue estabelecer a rotina de exercícios no período pós-parto observa-se a redução do peso, melhora da condição cardiorrespiratória, redução da fadiga e qualidade do sono.
Vale ressaltar que a depressão pós-parto é uma condição que afeta aproximadamente 10% a 15% das mulheres no primeiro ano de nascimento do bebê, e as mulheres relatam maior sensação de bem-estar e melhora da qualidade de vida com a prática regular de um exercício físico.
A recomendação dessa regularidade é que esta seja realizada ao menos 2 vezes na semana, com intensidade que pode variar de leve a moderada. E a rotina de exercícios do Pilates no pós-parto é de forma gradual, em uma fase que seja segura, que irá depender do tipo de parto (vaginal ou cesariano) e se houve complicações cirúrgicas.
A Recomendação é que volte à prática do Pilates em torno de 6 semanas após o parto cesariano e em torno de 4 semanas após o parto vaginal, sempre sob orientação da médica.
O Pilates tem muito à contribuir com a futura mamãe e o desenvolvido do bebê, você já conhecia sobre todos os benefícios?
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Fonte:
Revista Brasileira de Anestesiologia Arq Bras Cardiol. 2021; 117(1):160-180
